Desde el IBDIN (Instituto Brasileiro de desenho instrucional), me fue realizada la siguiente entrevista publicada el 1º de septiembre de 2015. Ver original.
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Para Lorenzo García Aretio, características do Brasil são especiais para esta metodologia. Em entrevista exclusiva, ele fala ainda dos MOOCs e do preconceito. Em outubro, dará curso no Brasil.
01/09/2015
Titular da cátedra de Educação a Distância da Organização das Nações Unidas para Educação, CIência e Cultura (UNESCO) e editor da Revista Iberoamericana de Educación a Distancia (RIED), o professor Lorenzo García Aretio vê a educação a distância de um lugar privilegiado para estudá-la e entender seus principais vetores, realizando pesquisas sobre o tema na América Latina e na Europa, onde também ministra aulas de Teoria da Educação na espanhola Universidade Nacional de Educação a Distância (UNED), uma das instituições mais respeitadas nesta metodologia em todo o mundo.
É desse ambiente de análise que Aretio faz elogios otimistas ao Brasil. O país tem não apenas condições perfeitas para o desenvolvimento da educação a distância, como potencial para se tornar líder mundial na aplicação dessa modalidade de ensino, por suas características populacionais, territoriais e de capacidades docentes, afirma Aretio nesta entrevista exclusiva ao Observatório EAD.
O preconceito contra a educação a distância, diz Aretio, ainda é maior nos países em desenvolvimento do que em alguns países eutopeus, por exemplo, porém ele avalia que a tendência, com a globalização, é esta diferença reduzir. Outra tendência apontada por ele é a convergência entre educação a distância e educação presencial, que terá cada vez mais projetos integrados nos próximos anos.
Pronto para ministrar um curso no Brasil em outubro, Aretio fala ainda nesta entrevista sobre os MOOCs, o mercado profissional para EaD e a formação docente:
Em seus estudos sobre a América Latina, por conta da Cátedra da UNESCO de Educação a Distância, que cenário se desenha sobre o continente hoje?
Como em todas as partes do mundo, a EaD na América Latina tem tido um desenvolvimento fulgurante, principalmente desde o surgimento das primeiras instituições universitárias e programas, lá pelos anos 70 do século passado. O início foi muito duro devido à incredulidade da sociedade e das administrações públicas com relação a uma modalidade que reafirmava a possibilidade de alcançar ganhos educativos sem a necessidade da presença física dos professores e dos estudantes. Os desenvolvimentos da EaD naqueles anos em outros países, USA, Canadá, Europa, Rusia, China, Australia, etc.,impulsionaram as insipientes experiências neste continente. É certo que o desenvolvimento tecnológico não foi de todo paralelo ao do países mais desenvolvidos, mas pouco a pouco, foi-se constatando que era possível oferecer outras formas de ensinar e aprender que benficiariam a grande demanda por educação, principalmente no nível superior.
É notável e importante a convicção de muitos docentes e pesquisadores latinoamericanos que seguem lutando contra as resistências e travas administrativas que os poderes públicos impõem.
Como o sr. vê o cenário da EaD no Brasil?
Em minhas primeiras viagens ao Brasil, nos anos 80 do século passado para dar alguns seminários, cursos ou oficinas de sensibilização sobre esse fenômeno da EaD, eu reiterava duas impressões fundamentais. Primeiro, que me dava a impressão de que a EaD havia surgido justamente para resolver problemas educativos em países com as dimensões geográficas do Brasil, com tantas populações dispersas, com tantos grupos com dificuldades de acesso à educação superior, com distâncias enormes entre as grandes cidades etc.Segundo, que essa característica geográfica e as potencialidades desse país poderiam fazê-lo líder nesse tipo de proposta. E continuo com essas convicções.
O mercado profissional espanhol parece bem mais evoluído na aceitação de profissionais formados por EaD do que os mercados brasileiros e latino-americanos e tem instituições de ponta como a UNED, conectada com esse mercado profissional. Quais as diferenças marcantes para a EaD nesse mercado entre a Espanha e a America Latina?
Na Espanha, assim como em outros países europeus, também nos EUA, Canadá etc., quando existem instituições e programas educativos a distância que ganham o reconhecimento social, devido a sua qualidade, os profissionais que terminam seus estudos nestas instituições são reconhecidos pelo menos com um nível similar, se não superior ao dos profissionais formados em instituições com cursos presenciais.
No caso da Espanha, posso assegurar que hoje os profissionais da UNED contam com alta aceitação no mercado de trabalho e vêm alcançando ótimos resultados quando se trata de disputar postos competitivos nas administrações públicas.
No entanto, deve-se reconhecer que o nascimento da UNED, em 1972, exigiu muito esforço e convicção para levar adiante um projeto que encontrou resistências sociais e muitas das outras universidades, de uma ou outra forma, tratavam de desvalorizar esse tipo de estudos. Curiosamente, hoje todas elas contam com alguns programas a distância.
Os resultados globais já permitem uma redução do preconceito?
Não disponho de dados que me permitam realizar um balanço comparativo de resultados globais entre países. O que é inquestionábel é que, curiosamente, nos países desenvolvidos, o percentual de estudantes em programas a distância continua ano a ano em crescimento destacado, acima do crescimento que se vê em países subdesenvolvidos ou em vias de desenvolvimento. Nestes últimos, no entanto, custa aceitar que um advogado, um sociólogo, um psicólogo etc., formado a distância possa ter o mesmo nível que outro formado em universidades convencionais.
O que se sucede é que quando se desqualifica a EaD porque tal experiência ou curso é de baixa qualidade, não se costuma fazer o mesmo quando o que está em análise é um curso presencial.
Como o sr. vê fenômenos recentes como os MOOC? Na sua avaliação, eles são relevantes pelo novo modelo pedagógico ou pelo novo modelo de negócios?
Sobre o fenômeno MOOC, sendo tão recente (pouco mais de três anos de vida), tem gerado grande quantidade de literatura, tanto científica como de divulgação. Quer-se dizer com isso que algo importante estaria acontecendo. Mas nem os MOOC são a panacéia que vão solucionar os problemas educativos da humanidade, nem tampouco são o fracasso que outros anunciam. Creio que por trás do seu fulgurante crescimento estão a novidade de suas propostas (anos 2012-13), a posterior desilusão ante muitos objetivos não alcançados (anos 2013-14), e agora estamos entrando na etapa da consolidação dos MOOCs oferecidos por instituições de prestígio, bem desenhados e liderados por professores de destaque.
Pedagogicamente, entendo que se forem bem cuidados os desenhos dos cursos, os MOOCs podem aportar muito à grandes massas de hipotéticos estudantes. Quando atrás destes cursos existe exclusivamente uma visão mercantilista, estaríamos aí falando de algo diferente do que se supôs no nascimentos dos MOOC.
Os MOOCs não são outra coisa que uma EaD evoluída que pretende oferecer oportunidades educativas de qualidade a populações amplas de hipotéticos estudantes com necessidades específicas de formação, sem necessidades especiais de acesso e de forma gratuita e muito econômica.
Que outros fenômenos recentes na EaD o sr. destacaria? Por que?
Além da experiência MOOC,em torno da EaD, assim como no resto das atividades humanas nesta sociedade digital, deve-se destacar o fenômeno da aprendizagem móvel e ubíqua, que pode acontecer em qualquer lugar, a qualquer momento. O desenvolvimento das tecnologias móveis estão oferecendo possibilidades inimagináveis também para a educação. Ignorar isso seria situar de novo a educação no fim da fila das propostas de futuro. O uso da nuvem como depósito e armazém de conteúdos, aplicações e serviços complementam a realidade da mobilidade na aprendizagem. O uso de tecnologias wearables que, levadas conosco, vem trazendo serviços complementares, também não devem ser desdenhadas para o uso do ensino-aprendizagem. Há ainda a realidade virutal, enfim…
A EaD está se internacionalizando? Que vertentes nesse sentido o sr. tem percebido no mundo?
Neste mundo globalizado tudo está se internacionalizando. E aquelas instituições ou países que não considerem esta realidade e se fechem em si mesmos vão acabar presos em tempos passados. É preciso ler os autores de fora e olhar para fora para se dar conta de como está sua própria situação, e que há países ou instituições que podem ser consideradas de ponta nesse tema da EaD.Isso não supõe ignorar a realidade de cada país.Existem muitas possibilidades para adaptar programas e cursos a determinadas necessidades de tipo nacional. Mas por que se isso funciona bem em tantos países não vai ser possível no nosso?
A formação docente do professor de EaD requer que tipo de especificidade que a diferencia a formação do docente presencial?
A realidade está conduzindo a certo grau de convergência entre a educação presencial e a educação a distância. A cada dia cresce mais o número de instituições presenciais com programas a distância, e surgem mais programas em modalidades mixtas (blended-learning). Por isso, creio que a formação do professorado deve contemplar sempre saberes relacionados com a formação a distância e virtual.
Em todo caso, apesar disso, todo docente se veja obrigado, ou deseje, dedicar-se à formação a distância, deveria apresentar uma série de competências pedagógicas e tecnológicas específicas. Não são as mesmas metodologias, estratégias, processos, avaliações etc, em um formato ou outro.
Da falta de capacitação de professores, também dos líderes, destas instituições e programas tem surgido justificadamente muitas desqualificações sociais e políticas ante esta modalidade.
No Brasil, como emn outros países da região, são necessários muitos cursos de capacitação para professores que venham a dedicar-se à docência nesta modallidade educativa.
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